domingo, 27 de fevereiro de 2011

Me observe

( Não sou muito boa nas rimas, mas quando percebi elas já tinham saído, no entanto não posso tirá-las pois palavras livres não podem ser castigadas pelas suas atitudes de peregrinação.)

Me observe



Eu não te pareço ser uma mulher?
Talvez eu possa sorrir com mais delicadeza,
ou então evitarei alguns tipos de brincadeiras.
Você consegue enchergar em mim uma mulher?
Talvez eu mude as roupas
ou
então crie uma voz mais rouca.
Quero apenas que esqueça da menina,
agora sou uma linda mulher fina.
Posso deixar o olhar singelo de lado,
e pôr as cores de dois apaixonados.
Posso pintar os lábios e convidar-te para tomar sorvete próximo de algum lago.
Quero apenas que perceba: "Eu cresci!".
E estou apaixonada por ti.

Fragilidade

Sinto-me frágil e consciente de minha pouca força.

Tomo cuidado com que escuto e evito tombos.
Não quero que ninguém mais rache minha imagem.
Por isso duvido dos olhares,
suspeito dos carinhos e
ignoro qualquer tipo de abraço voluntário.
Meu dono me fez com todo esse cuidado,
por esta razão prossigo de forma neutra 
e evito chamar atenção.
No entanto, observo cada ser que me rodeia.
E espero por mãos tão mais cuidadosas,
quanto o cuidado que tenho em sobreviver.


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Sendo eu mesma

Não é fácil, depois de tanto tempo se escondendo, aparecer no lado de fora e notar que está todo mundo olhando para você. Foi assim o primeiro dia que pus uma roupa legal e um pouco de maquiagem. Tentei entender qual era o efeito que aquilo causava e o porquê de tanta surpresa em pequenos detalhes em minha aparência. Eu, uma menina tímida e magricela que torna tudo em sua volta como um mundo estranho, queria mesmo era me tornar parte dele. Pensava que talvez fosse feliz se isso acontecesse mesmo, achei que precisava de cara nova, roupa nova e amigos novos, por que não dizer? Eu queria ser como eles.
Foi o que eu fiz: comprei maquiagem, coloquei uma mini-saia, uma blusa bem coladinha e soltei os cabelos. Por todos os cantos que eu passava os olhos se arregalavam e todas as meninas morriam de inveja. Ninguém ao menos sabia quem eu era, nem mesmo os meus “amigos” souberam quem era essa garota tão linda. Recebi toda atenção e todos no clube eram gentis, de vez em quando alguns meninos viam para me conhecer e diziam estarem apaixonados por mim. Foi quando eu conheci o Marcos moreno, alto, olhos claros, cabelos lisos, forte e super charmoso. Amor a primeira vista, ele veio falar comigo e não parava de olhar para os meus lábios. Eu já estava ficando sem jeito, mas então ele avançou em mim e me deu o meu primeiro beijo. Perdi o chão, procurei uma saída e não encontrei, tentei me apoiar na minha imagem de poderosa e não conseguir. Vendo isso ele percebeu a minha inexperiência e a minha cara de assustada o fez lembrar-se da magricela que sou. No mesmo tempo disse que precisava ir e nunca mais me procurou. Fiquei muito triste, mais que isso, fiquei desiludida e achei que não havia solução para mim. Pensava que havia começado uma vida feliz e cheia de amigos, no entanto conheci o sofrimento e o abandono. Tive medo, desejei que ele lembra-se de mim e me ligasse.
Porém, hoje não ligo mais, mesmo porque se me procurasse talvez se arrependesse, voltei a ser quem era. E assumir a minha identidade, eu não preciso ser como todo mundo. Não são as roupas, ou a imagem comum que me irar fazer feliz e sim a liberdade em ser eu mesma