quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A história de uma raposa


E foi então que apareceu a raposa:

- Bom dia, disse a raposa. 
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho que se voltou, mas não viu nada. 
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira... 
- Quem és tu? Perguntou o principezinho. 
Tu és bem bonita. 
- Sou uma raposa, disse a raposa. 
- Vem brincar comigo, propôs o príncipe, estou tão triste... 
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. 
Não me cativaram ainda. 
- Ah! Desculpa, disse o principezinho. 
Após uma reflexão, acrescentou: 
- O que quer dizer cativar?

Ninguém entende como é difícil para uma raposa de uma só vez se encanta pelo primeiro príncipe que encontra. Tudo bem que logo de primeira vemos que é um ótimo rapaz e de uma integridade e inteligência sem medições. Porém era necessário sim criar os nossos laços.

- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa.
Significa criar laços...
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos.

E eu não tenho necessidade de ti.
E tu não tens necessidade de mim.

Por mais que me parecesse diferente de todos os garotos que já vi, eu ainda não necessitava dele e nem muito menos de sua amizade. Aquele jovem príncipe não era mesmo do meu mundo e eu não sabia se podia confiar nele. No entanto eu precisava ser única ou pelo menos assim me sentir. E o Pequeno Príncipe me pareceu ideal.

E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo... 
A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe: 
- Por favor, cativa-me! disse ela.

Era jovem, mas experiente eu pude me encantar por aquele pequeno. Mesmo me submetendo a loucura de ser desapontada fui com tudo nessa jornada. Mas como tudo...
Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:

- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não te queria fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada.
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.

É eu sabia que tinha que me deixar, mas agora eu sou única para ele, e ele é único para mim. Agora a cor dos trigos, e o vento passando entre eles podem matar a saudade que sinto dele. Eu chorei e chorei muito, na verdade ainda choro, mas eu sei que ele deve está seguro em algum lugar.

J.A. de Jesus

Um comentário:

  1. Eu aqui hehehhehehehhehe

    não sei como você consegue desenvolver essas histórias eu só faço coisinha pequena hehehehe.Tá muito legal me deu empatia esse texto.

    Mudei de blog viu...> http://lss.orgfree.com

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